Riscos e transtornos causados pelo uso indiscriminado do e-mail

O uso do e-mail está mais do que disseminado. Trocam-se e-mails entre amigos para enviar um anexo com aquela piada imperdível, para convite de aniversário, para a receita de um remédio milagroso, para falar de amenidades etc.etc. E, muito mais preocupante, profissionais e empresários trocam muitas dezenas de e-mails, diariamente, para atualização de quase todas as tarefas e rotinas pertinentes ao dia-a-dia de empresas de todos os portes e tamanhos.
No mundo corporativo, raras são as companhias preocupadas com a inviolabilidade dos seus e-mails. Informações confidenciais tais como projetos, propostas, relatórios, memorandos etc. circulam livremente através de e-mails. Sejam eles internos ou, pior ainda, externos. E sem qualquer padrão ou preocupação mínimos de segurança.
A utilização do e-mail é tão simples e banal, que em praticamente todas as empresas ele já acabou gerando, paradoxalmente, um grave problema de comunicação interna: o da falta de interação pessoal. Funcionários quase não se comunicam mais pessoalmente, só mesmo através do maravilhoso e-mail. Nem mesmo quando os assuntos possam ser de vital importância para a empresa. E nem mesmo quando estão sentados lado a lado, na mesma seção.
Poucos dirigentes sabem, mas rastrear e abrir um e-mail desprotegido é uma tarefa simples. Qualquer administrador da rede corporativa, do servidor de e-mail, do sistema de backup, etc., pode “enxergar” tudo o que trafega na empresa que esteja desprotegido. Aquele e-mail confidencial do diretor para o presidente, por exemplo, pode ser lido com facilidade.
Para complicar ainda mais essa quase “promiscuidade” na ida e vinda de e-mails sem respeito a qualquer norma de segurança, as redes sem fio também estão se espalhando rapidamente em lugares públicos, facilitando ainda mais a quebra do sigilo no tráfego de informações. Hotéis e aeroportos são locais perfeitos para sniffers (farejadores) com más intenções. A espionagem industrial está aí, mais do que presente. Ela não é obra apenas de ficção, e está sendo incrivelmente facilitada pelo uso indiscriminado e irresponsável do e-mail.
Existem três “Contramedidas de Segurança” eficazes no uso do e-mail: a certificação digital, a criptografia por gateway e a classificação da informação e conscientização do usuário.
Certificação Digital
A confidencialidade e a integridade na troca de e-mails pode ser assegurada através de uma criptografia assimétrica. Isso não é assim tão trabalhoso. Basta que as empresas – e os usuários em geral – se habituem a trafegar seus e-mails criptografados. A utilização de identificações digitais permite o tráfego seguro de mensagens, inclusive a sua criptografia. Uma identificação digital é composta de uma chave pública, de uma chave particular e de uma assinatura digital. Ao assinar digitalmente as mensagens, o usuário estará adicionando sua assinatura digital e uma chave pública à mensagem. A combinação da assinatura digital e da chave pública é a chamada certificação digital.
Existem inúmeras entidades certificadoras que podem fornecer essas chaves de segurança. No próprio correio eletrônico do Windows Outlook ou do Outlook Express, por exemplo, há explicações detalhadas sobre como proceder para a obtenção dessas chaves, que resultarão no envio e recebimento de mensagens de e-mail seguras, autênticas e invioláveis. Esses procedimentos podem demandar algum tempo, mas, com certeza, eles são de grande valia. Em especial no mundo empresarial é inconcebível que os e-mails continuem trafegando livremente sem qualquer proteção.
Criptografia por Gateway
Esta é uma solução mais corporativa, onde a política de criptografia no envio de e-mail é aplicada na solução de proteção do serviço de e-mail. De acordo com uma política pré-estabelecida, o e-mail é criptografado na saída da mensagem. Esta solução torna a adoção de criptografia transparente para o usuário final e agrega um controle adicional de segurança nas mensagens confidenciais.
Classificação da Informação e Conscientização do Usuário
Não podemos nos esquecer do fator mais importante que envolve a segurança da informação de uma organização: o ser humano. Dispor de uma política de segurança da informação implantada e manter os usuários conscientes da classificação da informação e das normas de segurança é fundamental. Existem técnicas como a AVS (Análise de Vulnerabilidade Social) que ajudam as empresas a medir e melhorar o seu nível de conscientização de segurança.

Ricardo Kiyoshi é diretor da Batori www.batori.com.br – empresa que presta serviços de inteligência em segurança da informação e difunde a cultura de segurança, contribuindo para a excelência nos negócios das corporações.

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